Foi uma grande festa, uma cyber rave midiática em Canudos. Durante mais de uma semana, o Teatro Oficina esteve lá onde os conselheiristas foram massacrados pelo Exército brasileiro. Antes, já havia passado por Salvador, Recife, Rio de Janeiro e Quixeramobim.
No último dia de apresentação, 2 de dezembro de 2007, antes de entrar em cena, o diretor José Celso Martinez Corrêa pedia para o elenco ser dionisíaco e apolíneo, ao mesmo tempo. E assim foi. Tudo correu bem, com precisão e orgia, na apresentação de A Luta II, última parte da tragicomediaorgya Os Sertões. Até trans-missão online de todo o espetáculo, que nos outros dias foi dificultosa, desta vez correu tranqüila, em um ritmo fluido.
Logo após o intervalo, Zé Celso fez uma fala cheia de vida. Agradeceu a receptividade de todos os canudenses. Eu sou apaixonado por Canudos desde que meu pai me deu o livro, disse. Avisou que a amizade do Teatro Oficina Uzyna Uzona com a cidade e seus moradores não parava por ali. Nossa ligação é para o resto da vida. Contém com o Teatro Oficina sempre.
Zé sugeriu que os jovens de Canudos, a exemplo dos de Quixeramobim, fizessem o embrião de uma Universidade de Canudos a partir da leitura do livro de Euclides da Cunha. É um livro modernérrimo. É para ler em conjunto, em voz alta. Falou também sobre a cultura como meio para conseguir tudo que o Brasil precisa. A cultura começa com o cultivo de si mesmo, do corpo, do entorno. Fez um apelo para que editoras mandem o livro para Canudos, para que todos possam ter acesso. Não é um livro para ficar em museu dentro de um vidro. Lembrou que Canudos vai receber o título de Paisagem Cultural do Iphan.
Um sertanejo completou a fala de Zé Celso, lembrando a disputa com o Grupo Sílvio Santos. Querem mudar um teatro tão lindo como esse, disse emocionado. Zé acrescentou que foram os sertanejos que ensinaram o Oficina a lutar por esse teatro. Algumas pessoas choraram.
De lá, recebemos notícias do cyber-Euclides Tommy Pietra e acompanhamos as apresentações via Internet. E também foi possível ler as cartas no blog do Zé Celso.