56 ANOS DO TERREYRO CELEBRADOS EM MACUMBA ANTROPÓFAGA

macumba antropófaga celebra 56 anos do terreyro !
cacilda becker, verão de 1960, como se fazia com a inauguração dos navios, quebrou uma garrafa de champagne num pedaço de cimento instaurado como alicerce do Teatro d(o)as Menin(o)as da Bigorna.
 
os espetáculos deste fim de semana (19 y 20 d agosto), serão festas dedicadas ao aniversário de 56 anos do Teat(r)o Oficina e da profissionalização da Cia.
dia 16 de agosto de 1961, com a estreia d a vida impressa em dolar (awake and sing), surgia uma nova forma de espaço cênico em SamPã, arquitetada por Joaquim Guedes: duas arquibancadas para o público que sentava-se de um lado ou de outro, confrontando-se, tendo no meio o lugar da atuação; um teatro sanduíche em que os atores e atrizes eram o recheio; duas paredes laterais e o pé direito alto, suportes para cenógrafos como Flávio Império criarem maravilhas plásticas; toda a estrutura dos refletores à mostra.
 
Lina Bardi nos ensinou a nunca parar de criar, mesmo no que ela chamava de “precariedade radical”. o artista, sobretudo na arte teatral, não pode esperar por condições ideais, não pode jamais deixar de estar preparando-se pra estar em cena, estando sempre n’ela dentro e fora do teat(r)o. a macumba antropófaga foi realizada desta maneira neste ano de desmonte da cultura, quando a companhia perdeu o patrocínio da petrobras. 
 
 
vamos todos: corpo devorador!
cantar o amor y a dor
da vida
q come y é comida
no intestino
labirinto
LABRYNTO!
 
tesão é fome
não de comida
de vida + vida!
 
VAMO TE COMÊ!
 
 
oh! cio sagrado!
vem atuar
em contracenação
com o fascismo d Estado!
 
daqui do terreyro eletrônico da rua Jaceguay, cheios d tesão pelos 463 anos da deglutição do Bispo Sardinha pelos caetés!
entramos na nona semana da temporada de Macumba Antropófaga! 9!
 
em ritmo de festa
a especulação capitalista
passada a força em reforma trabalhista
pela lábia brasileira
avança sobre os corpos, terra, bicho, água, planta, rua, cidade, átomos, minério, célula, planctons, humano
 
VEM PRA MACUMBA COMER OS TABUS dessa terra brasilis
no fogo dA contracenação com o inimigo $acro
dilatando o tempo na força da presença
atuadores espreguiçando as carnes, juntas, gozózas de FELICIDADE GUERREIRA no império do ócio!
 
em contracenação com o casamento do poder com o mercado,
com o fascismo de Estado
crescendo nas vidas
por todos os lados
y todos os ismo
desejamos o PHODER DO AMANTRIARCADO!
no amantriarcado de Pindorama, o teatro, a cultura, a vida, ligados, conectados, trans formados, amantes + q adorados
fazem a re-existência política na pulsão quente da arte!
 
SAB y DOM
16H
com dramaturgia de Zé Celso, Catherine Hirsch, Roderick Himeros y companhia uzyna uzona, o rito foi criado a partir do Manifesto Antropófago de Oswald de Andrade.
 
2017
Macumba Antropófaga começa com um cortejo pelo bairro do Bixiga e realiza acupunturas em ponto necrosados do bairro: Maloca da Jaceguay, Casa de Dona Yayá, TBC – o Teatro Brasileiro de Comédia e a Casa de Oswald de Andrade – rua Ricardo Batista nº 18.
O cortejo segue pelas ruas São Domingos, Japurá e rua do Bixiga até voltar ao Teatro Oficina, virado restaurante Troca-Troca.
Oswald de Andrade (Marcelo Drummond) e Tarsila do Amaral (Letícia Coura) são servidos pelo deus dos garçons, Ganimedes (Roderick Himeros). Ele oferece absinto e as estrelas da noite: as rãs, que reconhecidas como corpos humanos, são deglutidas, restabelecendo o elo perdido com os deuses animais e nossos ancestrais antropófagos. Inspirados, se amam e sonham. Criam em cena o livro-comida Manifesto Antropófago e o quadro Abaporu. O Coro antropófago Tupinambá caça Oswald, virado Hans Staaden, que se apaixona pela burú Pagu (Camila Mota). Deles nasce Macunaíma (Roderick Himeros) e passados 16 anos Oswald está pronto pra ser comido pela tribo. O espetáculo musical, teatro de revista, põe em cena personagens e situações da vida política do Brasil e do mundo – tabus para sua devoração e virada em totens. Donald Trump, Theresa May, Temer, a CPI da FUNAI, deputados de extrema direita, movimentos xenófobos contracenam com entidades invocadas por Oswald de Andrade no manifesto em 1928: Padre Vieira, Moisés, a Mãe dos Gracos, Dom João VI, Carlos Gomes e outras.
 
RETORNO AO PENSAMENTO SELVAGEM
O coro antropófago vai em direção ao primitivo, num retorno ao pensamento em estado selvagem com percepção da cosmopolítica indígena, que hoje nos revela a urgência em cessar a predação e o trauma social do capitalismo, do patriarcado e do antropoceno que atravessam continentes e séculos carregando a mitologia do Progresso a qualquer custo. Praticamos neste início de século o ódio a tudo o que não sou eu — e a fina faca da intolerância tem de fato cortado cabeças. A encenação do Manifesto pela companhia em 2017 nasce a partir da necessidade da incorporação da Antropofagia como visão de mundo – Weltanschauung – para desvendar e interpretar o tempo presente no Teatro – um ritual de poder humano, que pode, concretamente atuar e superar entraves das crises que procriam dia após dia. Hoje, com o fascismo presente na direita e na esquerda — no desejo de aniquilação das diferenças, é justamente a perspectiva antropófaga que entra em cena como filosofia e ação política, experiência de contracenação, prática de remoção dos antolhos para ver o antagonista com olhos livres.
Um banquete antropófago é um rito de adoração da adversidade, a transformação permanente do Tabu em Totem.
 
 
SERVIÇOS | MACUMBA ANTROPÓFAGA
Incorporação do MANIFESTO de OSWALD DE ANDRADE
Temporada: Até 24/09, sempre aos sábados e domingos.
Horário: 16h00
Ingressos: R$ 60,00 (inteira), R$ 30,00 (meia) e R$ 20,00 (moradores do Bixiga, mediante comprovação de residência).
Local: Teatro Oficina (Rua Jaceguai, 520, Bixiga. Tel: 11. 31062818)
Capacidade: 350 pessoas.
Duração: +- 5h
VENDA DE INGRESSOS antecipados
ou no dia, na bilheteria do teatro, uma hora antes de cada espetáculo
Indicação etária: 18 anos.
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