Durante 10 dias a Cia Teatro Oficina grava os cinco espetáculos da saga sertaneja com participação do público e transmissão ao vivo, via Internet
De 24 de fevereiro a 25 de março o mundo todo poderá assistir em tempo real na internet às gravações do longa mais longo de todos os tempos. As imagens e sons serão captados em sessões normais, por meio de 10 câmeras e transmissão on-line, através do sito www.teatroficina.com.br, numa parceria com o portal Uol.
A proposta é transformar os cinco espetáculos de Os Sertões: A Terra, O Homem I, O Homem II, A Luta I e A Luta II (confira box abaixo com programação completa) não apenas em mero registro teatral, mas sim em ?caleidoscópios com visões, ângulos, perspectivas, diversidade, que nem o teatro ao vivo, nem a TV, nem o cinema conseguem?, sintetiza o diretor geral José Celso Martinez Corrêa. Para tanto, todas as câmeras serão móveis, auxiliadas por uma grua (disposta na última galeria do teatro) e pela participação de um stead cam, dando ao espectador a sensação de participar da cena.
José Celso Martinez Corrêa, diretor geral do projeto, completa 70 anos no final das filmagens (em 30 de março) e aposta na gravação dos DVDs como uma revolução do teatro, quebrando mais uma vez a barreira de mera encenação para integrar o teatro à música, ao vídeo e ao cinema em tempo real.
Vale lembrar que em 2001 a companhia Uzyna Uzona foi pioneira na transmissão ao vivo pela internet com as peças do Festival Teatro Oficina: Bacantes, Boca de Ouro, Ham-Let e Cacilda!.
Agora, o terreiro eletrônico Oficina avança rumo à tecnologia digital, ao realizar os DVDs, no formato HD (High Definition), compatível com o novo padrão adotado pela televisão brasileira, segundo explica o produtor executivo, o cineasta carioca Lucas Weglinski. No total, será produzido um material com cerca de 26 horas de espetáculos corridos e mais extras, com os bastidores do projeto.
Lucas coordena a equipe que terá um diretor geral e um diretor de fotografia para cada peça. As escolhas se deram pela ligação efetiva e afetiva com a obra, baseada no livro de Euclydes da Cunha, que vem sendo construída desde 2001, por um elenco e equipe técnica compostos, atualmente, por cerca de 100 pessoas. Os diretores convidados são: Tommy Pietra (A Terra), Fernando Coimbra (O Homem 1), Marcelo Drummond (O Homem 2), Elaine César (A Luta 1) e Erik Rocha (A Luta 2).
O material registrado vira uma caixa de DVDs, com lançamento previsto para dezembro deste ano.
Para o Bixiga e para o mundo
As gravações em DVD coincidem com o momento histórico pelo qual passa o Oficina, que está em atividade permanente há 49 anos. A companhia acaba de ganhar uma liminar que impede a construção no seu entorno do shopping Bela Vista Festival Center, do grupo Silvio Santos. A decisão judicial se deu por reconhecer que há 25 anos o Teatro Oficina é patrimônio histórico tombado pelo Condephat.
Essa última temporada de Os Sertões na cidade de São Paulo é marcada pela vitória e pelo aprofundamento das discussões sobre o Teatro de Estádio, projetado para atender ao Bixiga, aos grupos paulistas e ao teatro de todo o mundo. Desde o dia do aniversário de São Paulo circula o Movimento Merda 2007, com o manifesto A Proclamação do Anhangabaú da Felicidade, que articula grupos, artistas e pessoas interessadas em tornar o bairro um centro produtor de arte.
A briga pelo espaço físico é antiga. Em 1980, 15 mil pessoas lotaram o Ginásio do Ibirapuera para impedir que o grupo Silvio Santos comprasse o Teatro Oficina. No palco, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Regina Duarte chamavam a atenção da sociedade para o fato. O vídeo pode ser conferido na TV Uzyna do site oficial da companhia ou no You Tube.
Outros sertões
Finalizadas as gravações do longa mais longo de todos os tempos, o Teatro Oficina realiza uma maratona de Os Sertões, entre 28 de março a 1º de abril, quando serão apresentadas as cinco peças em conjunto, com um espetáculo diferente a cada dia.
Depois disso, no segundo semestre do ano a companhia segue em turnê pelo Rio de Janeiro, Salvador e Recife.
Prêmio de ?Os Sertões?
A TERRA ganhou o Prêmio Shell 2002 nas categorias Melhor Direção e Melhor Música *** O HOMEM I ganhou o Prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de Melhor Espetáculo de 2003 *** A LUTA I ganhou os Prêmio Bravo Prime de Cultura de Melhor Espetáculo de 2005, oferecido pela Revista Bravo!: Prêmio APCA de Melhor Espetáculo; Prêmio Shell 2005, na categoria melhor Cenografia e Categoria Especial de Direção de Cena.